segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Nome do Vento #Resenha

Postado por O Livreiro² às 13:54
   Acomode-se, caro amigo! Encontre um bom lugar nessa taberna modesta - porém limpa - encha seu copo com um adocicado hidromel, ou quem sabe um licor de amora, deixe as donzelas de lado por um momento - ainda que seja difícil realizar tal feito - e prenda sua atenção em nossa única atração: o vento.
     Faça bons amigos, ouça a música, deixe que o dedilhar do alaúde te guie por essa aventura. ConheçaKvothe, o filho de uma trupe, mágico, sábio e tolo ruivo que aprendeu de formas interessantes o valor que se pode ter um amigo, um inimigo... E uma linda garota cuja beleza é tão perigosa quanto o canto de uma sereia.


http://www.editoraarqueiro.com.br/upload/livros/Nome_do_vento_SITE.jpg
Título: O Nome do Vento
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Arqueiro
 
Sinopse: Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso.
Da infância numa trupe de artistas itinerantes, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia, O nome do vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender o mistério por trás da arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano – os lendários demônios que assassinaram sua família no passado.


  Quando comecei a ler esse livro, descobri que são poucas as histórias de hoje que conseguem me prender dessa forma. Obrigado, editora Arqueiro. O livro é extraordinário!


"Meu nome é Kvothe, com pronúncia semelhante à de 'Kuouth'. Os nomes são importantes, porque dizem muito sobre as pessoas. Já tive mais nomes do que alguém tem o direito de possuir."
Capítulo 7, Página 58


  Nomes. Tudo tem um nome e, se chamado da maneira certa, obedecerá à sua voz. Assim começou a aventura de Kvothe, um menino sábio que, um dia, apaixonou-se pela força do vento, e desde então desejou ser um Arcanista.
  Kvothe recebeu, depois de muita insistência, um cronista que viera de longe conhecer o famoso Matador do Rei. Até aquele dia, o jovem ruivo escondia sua identidade sob a forma de Kote, o dono da hospedaria Marco do Percurso e admirador da arte. Ao lado de seu aluno Bast, mantinha segura sua identidade, mas seu passado era conhecido, ao menos em partes, pelo Cronista.
  Kvothe, depois de muito pensar, decidiu contar sua história ao hóspede. Três dias, era tudo o que precisava para narrar sua história. No primeiro dia, O Nome do Vento seria contado. 

 O pequeno Kvothe viajava com seus pais e a trupe Edena Ruh, um grupo de artistas, músicos, malabaristas - uma espécie de circo itinerante financiados por um respitado mecenas, Lorde Greyfalla. O menino curioso de cabelos ruivos aprendeu cedo a tocar um alaúde, era inteligente e conhecia inúmeras peças teatrais. Era uma pérola, uma raridade sob a forma de uma criança de onze anos.
  Em uma de suas jornadas ao lado da trupe, ele conheceu Abenthy, um arcanista conhecedor de muitas ciências e admirador da arte. Ben, como era chamado, tornou-se rapidamente amigo de Kvothe e, com isso, passou a viajar ao lado da trupe, arranjando os efeitos visuais através de suas habilidades em química. O químico contou ao menino sobre a Universidade Arcanum, ensinou-o sobre os elementos minerais, o Alar, simpatias e outros talentos que envolviam magia. Ben enxergava no garotinho viajante uma mente rara e brilhante, capaz de aprender tudo em uma velocidade assustadora. Assim Kvothe tornou-se aprendiz do arcanista.
 Mas as amizades numa trupe podem durar pouco. Ben, certo dia, precisou abandonar o grupo, mas conversou com os pais de Kvothe antes, na tentativa de convencê-los a levar o menino à universidade. Após a despedida, a trupe seguiu sua direção. O menino ruivo sentiria saudades, mas sua dor estava longe de acabar.
  Em uma das paradas, o acampamento da trupe fora atacado por um grupo perigoso, o Chandriano. Para muitos, era apenas uma lenda. Mas Kvothe, naquela noite, descobriu ser verdade, um pesadelo tão vivo quanto ele próprio. O fogo azul, a madeira podre, mortes, tudo era sinal de que o Chandriano estava por perto, aparição essa que o separou de sua gente, sua família. Esse encontro causaria no jovem Edena Ruh um desejo de vingança que o acompanharia como sua própria sombra.

   Kvothe, após seu encontro com Os Sete (ou Chandriano), passou dia após dia em grande dor, sofrendo o abandono, a violência de uma sociedade que não era capaz de enxergar no menino nada além de roupas esfarrapadas e cabelos sujos demais. O menino cresceu em uma grande cidade turbulenta, Tarbean, e fez amigos e inimigos, aprendeu a roubar, mentir, a se defender. Mas sua mente nunca deixara de lado a ideia de ser um arcanista, como seu tutor Abenthy.
  Seus esforços o levaram à Universidade Arcanum. Lidando com a pobreza de forma bastante criativa, Kvothe conheceu bons amigos, ganhou a simpatia de muitos, mas comprou briga com Ambrose, um aluno rico e perigoso, além de despertar o ódio em um dos professores.
  Não apenas isso. Anos depois reencontrou uma garota que conhecera em uma de suas viagens anteriores. A menina despertou no garoto um amor secreto, tênue porém duradouro. Logo, ela ocuparia a mente do jovem ruivo, e isso poderia ser o suficiente para lhe trazer um bocado de problemas.
  Na busca pelo conhecimento e vingança, Kvothe vai desbravar um mundo completamente novo, mas que se mostra cada vez mais receptivo à mente brilhante de um Edena Ruh com inclinações para  magia.
    

     "- Deixe-me dizer uma coisa antes de começar. Já contei histórias no passado, pintei quadros com palavras, contei mentiras terríveis e verdades ainda piores. Certa vez toquei as cores para um cego. Passei sete horas tocando, mas, no fim, ele disse que conseguia vê-las: o verde, o vermelho e o dourado. Acho que aquilo foi mais fácil do que isto. Tentar fazer com que vocês entendam, sem nada além de palavras. Vocês nunca a viram, nunca ouviram sua voz. Não têm como saber."
Capítulo 48, Página 313


  Assim Kvothe descreve sua amada, e assim descrevo o que senti por essa história. Um universo fantasioso capaz de te desagradar, provocar e encantar. E, em inúmeras vezes, você se vê rindo e chorando ao lado de Kvothe, torcendo por ele, e contra todos os seus inimigos.
  A narração é rica, com detalhes necessários no momento certo. Existe uma alternação em alguns momentos. Predominantemente, a história é escrita em primeira pessoa, narrada pelo próprio Kvothe. Em outros momentos, é escrita em terceira pessoa, o que dá um ar original e permite ao leitor assumir várias posições ao acompanhar as aventuras do Matador do Rei. A diagramação do livro é excelente e, embora tenha um ou outro erro de impressão, isso não é o suficiente para apagar a marca que Patrick Rothfuss irá deixar em você depois de ler.
  O Nome do Vento não precisa de mim para dizer que a história é excelente. Com uma narração fluida e envolvente, personagens humanos e capazes de despertar tudo em nós, da simpatia à aversão; do amor ao ódio. Rothfuss é, oficialmente, um dos melhores escritores que já li até hoje e, com certeza, a Crônica do Matador do Rei é extraordinária, nos levando ao sentimento provocado pela música, aos vilarejos atrasados e supersticiosos e, até mesmo, aos dragões vegetarianos.
  Se, em algum momento, você pensar que a história está se tornando cansativa, não se engane. Kvothe tem esse jeito de entediar o leitor quando ele mesmo está entediado. Mas suas aventuras seriam capazes de te manter acordado uma madrugada inteira, só pra saber se seu grando amor, afinal, será sua prometida ao fim do primeiro dia.

 Nada como uma boa leitura, fantástica e irreverente. Dramática e engraçada de ponta a ponta! Leiam, apreciem cada capítulo. Meu único arrependimento é de não ter lido esse livro antes xD
Ótima leitura, pessoal! Fiquem na Paz!

 Resenha de Inspirados, por Pedro Almada.

4 comentários:

Unknown on 14 de janeiro de 2013 às 17:19 disse...

Eu sempre olhei para a capa desse livro e achei bonita, a sinopse me atraía um pouco, fiquei encantada com o título...
Não sei porque ainda não li =S
Uma leitura anotada como desejada mais que urgente!

Sua resenha está ótima!


http://postitandscrapbook.blogspot.com.br/

Clara on 15 de janeiro de 2013 às 01:49 disse...

A capa é bonita, e a grossa desse livro e da sua continuação também, só espero que não sejam muito cansativas. Eu ainda tenho dúvidas de quanto à ler ou não esse livro, pelo o que ele se trata. Não leio coisas relacionadas à bruxaria - por isso nunca li HP -, isso quando colocam os bruxos como pessoas do bem. Quanto eles tão do lado do mal, as coisas estão bem divididas, tudo bem. Mas nesse livro me parece que as coisas estão puxando mais pra Alquimia...
Clara
@mmundodetinta
maravilhosomundodetinta.blogspot.com.br

O Livreiro² on 15 de janeiro de 2013 às 11:20 disse...

Clara, o livro é magnífico, você não vê as páginas passando. :3

dferreira on 16 de janeiro de 2013 às 10:22 disse...

Que poético sua resenha cara :D

Postar um comentário

O seu comentário é importante para nós. Comente. :)

 

Confins da Leitura Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos