sexta-feira, 8 de julho de 2011

Código da Vinci #Resenha

Postado por dferreira às 18:29


Saudações literárias.
É a primeira vez que posto aqui no blog, como colunista convidado. (Apresentações no final) E, dessa vez, trago uma resenha de um livro que qualquer um já ouviu falar em tudo quanto é canto. Envolveu muito empenho e pesquisa e por isso merece ser um Best-seller tão facilmente quanto derrubaria o conceito de que livro mais vendido não presta (vide Paulo Coelho). Dessa vez, porém, é diferente. O código da Vinci simplesmente supera o título de livro comum.



O curador do mais famoso museu do mundo, o Louvre, é encontrado morto assassinado no interior do próprio museu. Jacques Saunière não era, no entanto, um simples especialista de artes respeitado: era também membro de uma das mais antigas seitas religiosas, detentora de alguns segredos milenares desde os tempos de Jesus Cristo, pelo menos. Ao morrer, teve tempo de deixar pistas cifradas indicadoras daqueles que o haviam assassinado, uns enigmas que só poderiam ser decifrados por algumas pessoas realmente inteligentes, conhecedoras e tão sábias sobre suas especialidades quanto ele, e, ao mesmo tempo, que fossem merecedoras de carregar esse conhecimento. Estas pessoas são Robert Langdon, um professor norte-americano de simbologia de Harvard, que compartilhava de algumas de suas idéias, e Sophie Neveu, uma eminente criptóloga francesa e neta de Saunière.
Desta forma, somos envolvidos, tanto quanto Langdon e Sophie, em uma verdadeira caçada humana que percorre largos períodos da história da humanidade e das artes, em uma extensa charada que mistura emoção, suspense, artes plásticas, práticas religiosas, organizações museológicas, Opus dei versus Priorado de Sião, o sorriso de Mona Lisa, instituições medievais... Tudo envolvido em uma linguagem ágil, rápida, capítulos curtos e objetivos. Todos os dados históricos, artísticos e teóricos são reais e fundamentados; o livro vale, portanto, como um verdadeiro curso concentrado de artes e simbologia, embalado por um enredo de romance policial infanto-juvenil.
 Pode parecer uma verdadeira salada lítero intelectualóide com roupagens de best-seller. E é. Uma salada que deu certo; pelo menos para o autor. Tanto que a editora pode estampar tranquilamentee na capa o fato deste livro ter sido sucesso absoluto de vendas (um dos mais vendidos na Europa nos últimos anos!), com uma tiragem mundial passando dos dez milhões de exemplares. Também não é à toa que passou para as telas do cinema.
 Embora algumas partes sejam exageradamente didáticas, é um projeto muito simpático. As informações são passadas de um modo extremamente eficaz e dinâmico, instrutivas e muito legais de serem lidas. Pena que essa simpatia fique soterrada em um mar de clichês banais e entediantes. Como contraponto às belas informações histórico-artísticas, há a banalidade do enredo, a superficialidade dos personagens, a insipidez do suspense... O professor de simbologia é alto, bonitão, independente e superinteligente; a mocinha é linda, fogosa, independente e superinteligente; os vilões são malvados, sádicos (e masoquistas) e superinteligentes; a polícia francesa é ridícula, incompetente, e embora o encarregado da investigação, o capitão da polícia judiciária, não seja uma versão plena do inspetor Clouseau, também não fica lá muto atrás, tanto que passa a perseguir Langdon e Sophie como os únicos suspeitos. E é preciso dizer o que vai acontecer entre o mocinho e a mocinha superbonitos, independentes e superinteligentes, injustamente acusados do assassinato?
 O código da vinci é uma besteira fenomenal (ou uma revelação surpreendente ao gosto das exigência dos leitores.) Na verdade, o livro nada tem de original. É apenas um romance policial repleto de clichês holywoodianos com algumas teorias polêmicas acerca da vida de Jesus Cristo e Maria Madalena. Não passa de literatura industrializada, pré-fabricada e vendida a um amplo mercado consumidor ávido por leitura fácil, vazia e efêmera. No caso de Dan Brown ele parece se utilizar de moldes muito semelhantes para tecer seus livros. Os outros romances do autor, Anjos e Demônios, é também uma trama policial envolvendo sociedades secretas, Vaticano e Robert langdon. E o símbolo perdido, é sobre sociedades secretas, Washington e Robert langdon. Mas tenho que dizer, é uma leitura válida e inteligente com uma trama capaz de prender a atenção do leitor do início ao fim. Fantástico, do seu jeito.







9 comentários:

Anônimo disse...

Excelente Noah, realmente me surpreendeu.

Anônimo disse...

Eu ainda não li O Código da Vinci, mas, lendo Anjos e Demônios, me apaixonei pelo jeito de escrever de Dan Brown. Ele tem uma facilidade incrível em criar personagens cativantes e momentos eletrizantes. O que você ditou aí foi praticamente o contrário do que encontrei em Anjos e Demônios, os personagens podem ter seus estereótipos, mas talvez seria um erro criar personalidades diferentes ou exóticas no meio de um enredo com tantos clímax e tantos temas diferentes misturados em um só - porque aí o livro ficaria cansativo, já que teria que explorar essa personalidade excêntrica ao mesmo tempo que inserir tantos momentos eletrizantes. Acho que o que Dan Brown fez foi correto. Já pensou colocar Lisbeth Salander, da Trilogia Millenium, no lugar do protagonista? Meu Deus do céu, ia ser muita coisa pra entender.

Bem, esse é o meu ponto de vista e respeito o teu, e, além do mais, sei que estou falando de Anjos e Demônios, e não de O Código da Vinci, mas tenho certeza que o escritor não tenha mudado seu jeito de escrever de um livro pra outro.

Por mais tardar, a internet aqui tá uma lerdeza e não to conseguindo me conectar ao meu gmail pra comentar. Então, como eu já havia prometido ao G. Pedro que iria comentar:

Renato Temponi
www.acafeteriadaesquina.blogspot.com

Anônimo disse...

Dan Brown utiliza uma tática chamada sistematização - uma pista leva a outra que leva a outra e assim continua. Os leitores leigos, desprecavidos acabam dizendo em suas resenhas "Dan Brown consegue te prender e bla bla bla"; isso tudo é esquematizado. Uma leitura Industrializada e préfabricada para leitores ávidos por uma leitura vazia fácil e efêmera (quem são muitos e tem mercado).

Anônimo disse...

@Livreiro e @Noah

O fato de Brown utilizar pistas que levam à outras não é segredo, e tampouco tem alguma ligação com o assunto que tratei no meu comentário. Eu estava me referindo completamente à parte de seu quinto parágrafo, onde você comenta sobre a, em suas palavras, 'superficialidade das personagens'. Eu continuo a dizer que o tratamento que Dan Brown deu aos seus personagens foi satisfatório - dá para completar a leitura com as informações que lhe foram dadas (tanto no início, quando o leitor é apresentado à Robert Langdon, quanto às lembranças do mesmo que são descritas ao decorrer da leitura) sem questionar sua preferência entre x e y.

Aí depois você fala dos clichês dos personagens (alto, bonitão, inteligente). É aí que entra a questão da inteligência da trama. Não discordo com você quando diz que é um livro feito para vender, mas não é por isso que ele não tem conteúdo - se vende, é porque tem conteúdo e não porque há um mercado para o público ávido por leitura fácil. Eu não discordo que exista este mercado, mas não creio que alguém leia um livro de 461 páginas que envolva um conflito tão grande quanto o da fé e da razão por isso. Na verdade, achei a trama de "Anjos e Demônios" inteligente e eficaz, embora, como você mesmo disse, às vezes seja exageradamente didática.

Então, retornando onde eu parei, se os personagens não tivessem os estereótipos que tem (alto, bonitão...) ou fugissem da normalidade, seria muita coisa para o público ingerir. Já pensou se em todos os temas tratados em "Anjos e Demônios" fossem acrescentados personagens que fugissem do comum? Como eu já disse, seria muita coisa pra ingerir.

Sobre a leitura do livro, só achei mesmo clichê essa questão do relacionamento entre Langdon e Vittoria. Mas, até onde eu sei, em O Código da Vinci (que se passa depois) ele nem está mais com ela.

Entenderam agora que eu não discordei do que o crítico disse quanto ao fato dos livros de Dan Brown serem feitos para vender? O que eu discordo é que "Anjos e Demônios" se adeque ao mercado de pessoas que procuram leitura fácil.

Agora, sobre o comentário que o Livreiro fez, acho que discordo totalmente. Não acho que Dan Brown faça livros vazios. Como até mesmo o próprio Noah (ou Nícolas?) disse, por vezes ele é até mesmo exageradamente didático. E, para mim, o livro de Dan Brown não foi nada efêmero - talvez porque eu seja um leitor desinformado, mas nada passivo ou que adora uma leitura fácil e efêmera.


Renato Temponi

Anônimo disse...

Acho que infelizmente me expressei mal, quis apenas reforçar o último paragrafo, que diz que O Código da Vinci pode ser uma besteira fenomenal ou uma revelação surpreendente, de acordo com a capacidade que o leitor tem de ver a obra como um todo. assim como alguns trechos do famosos Harry Potter tem seus clichês. O garoto órfão, maltratado, que descobre um universo novo, onde a vida seria perfeita, se não fosse pelo vilão que matou seus pais.

Anônimo disse...

Pois é. Se um dia encontrar um bom livro desprovido de clichês, me avise.

dferreira on 16 de agosto de 2011 às 14:21 disse...

familias terrivelmente felizes - marçal aquino. Fomes de setembro, marçal aquino (já fora de circulação, viu hoje em dia não se sabe a quem prestigiar. Até nos blogs)
Tio Petros - Apostolos Doxiadis. São, todos eles, bom livros, mas que ninguém compraria. Atualmente, leitura é só mercado, por isso fico aborrecido com essa leitura vazia, efêmera, modismo, industrializada mesmo. Não é o único, todos os livros de vampiros por aí, e anjos, é só modismo.

dferreira on 16 de agosto de 2011 às 14:27 disse...

Sobre a leitura do livro, só achei mesmo clichê essa questão do relacionamento entre Langdon e Vittoria. Mas, até onde eu sei, em O Código da Vinci (que se passa depois) ele nem está mais com ela.
justamente, o codigo da vinci veio antes. por isso dan brown colocou outra mulher no meio do livro que só pegou carona no sucesso - até a editora deixa isso claro. Colocou os mesmo ingredientes. Existem muitas formas de deixar os livros de Brown, excelentes sem recorrer aos clichês. Ou o cara não tem capacidade - improvavel. Ou so adequou os livros as pessoas que procuram leitura fácil. Taí os livros Crepusculo e House of Night que não me deixam mentir. Não é errado gostar de leitura fácil, só quero deixar isso esclarecido na minha resenha.

André Antonelli on 17 de fevereiro de 2016 às 15:53 disse...

Essa resenha é completamente plagiada. No livro "Resenha", de Anna Rachel Machado, Eliane Lousada e Lília Santos Abreu-Tardelli, as autoras transcrevem o texto original, escrito por Claudinei Veira e publicado no portal igler (não mais disponível online). Acho de uma vigarice sem tamanho o plagiador se auto-vangloriar como "CDF, monto o cubo mágico em três minutos". Na realidade, ele é um preguiçoso e anti-ético.

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